Ação foi organizada por duas entidades de pesca amadora subaquática com o apoio de empresas e da Administração do maior parque urbano da América Latina
Cerca de 30 mergulhadores de pesca amadora subaquática recolheram 300 kg de lixo depositado e soltaram 330 alevinos (peixes em fase inicial de vida) para repovoar a fauna aquática no lago do Parque da Cidade. Foi uma ação inédita com viés ecológico e turístico realizada neste sábado (19) por duas entidades locais do setor – a DF Sub e a Apshark, com o apoio de oito empresas, duas entidades nacionais e da Administração do Parque, vinculado à Secretaria de Turismo.
Primeira limpeza do lago do parque recolheu 300 kg de lixo com a retirada de vários produtos, inclusive binóculos | Fotos: Aurélio Pereira / Setur-DF
O evento foi organizado pela Associação de Pesca Sub e Apneia do Distrito Federal (DF Sub) e pela Associação de Pesca Esportiva, Subaquática e Conscientização Ambiental (Apshark). Em comum, os cerca de 300 associados das entidades praticam a pesca subaquática sem equipamentos de respiração artificial. E agora ambas entidades querem promover eventos esportivos e turísticos da atividade no Lago Paranoá.
“O resultado da limpeza e da soltura de alevinos foi altamente positivo”, comemorou o presidente da DF Sub, Marcelo Reisman, ao destacar a participação no evento da secretária de Turismo no DF, Vanessa Mendonça, e o apoio do administrador do Parque da Cidade, Silvestre da Silva. “Receberam a autorização do administrador, que está fazendo um excelente trabalho no Parque”, elogiou, citando como exemplo a volta dos pedalinhos e a melhoria da qualidade da água do lago.
Entre as espécies fornecidas pela empresa Reino dos Alevinos, de Brazlândia, e pelo Pesque Pague Taguatinga, para repovoar o lado do Parque, estão pirarucu (nativo da Amazônia), jundiá, pintado albino, pintado real, dourado, carpa, carpa colorida e carpa maior.
O idealizador da limpeza foi o frequentador assíduo do Parque e brasiliense Rodrigo Rodrigues, integrante da Sub DF. “Sou nascido em Brasília e sempre olhei esse lago com bons olhos. Faço corrida no Parque e sempre quis fazer essa limpeza, porque não tem máquina, nunca foi colocada uma draga, e acho bem importante o que vamos fazer agora”, detalhou.
Idealizador da ação ecológica, o brasiliense Rodrigo Rodrigues é frequentador assíduo do Parque da Cidade | Aurélio Pereira / Setur-DF
Projeto
Durante o evento, os representantes das entidades defenderam e ganharam o apoio da secretária de Turismo e do administrador do Parque à aprovação de projeto de lei na Câmara Legislativa para permitir a prática de pesca subaquática no Lago Paranoá.
“A lei permite a pesca profissional com tarrafas e não assegura a pesca amadora subaquática”, justificou o presidente da (Apshark), Marcos Honorário, ao defender a aprovação de proposta legislativa para permitir a atividade.
Segundo o líder da entidade, devido a interpretações da lei em vigor no DF, eventos turísticos do setor que poderiam ser realizados em Brasília estão sendo promovidos pela entidade em outros espaços de municípios vizinhos à capital. “Ao longo dos anos, fomos migrando para a Lagoa Feia, em Formosa [GO]”, comparou.
O delegado Marcelo Portela, da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), outro praticante da pesca subaquática, também compareceu à cerimônia. Em sua fala, ele se mostrou a favor da regularização da atividade de pesca no DF. “Com esse pensamento sendo feito de forma consistente, rapidamente o Lago Paranoá servirá também para o turismo de pesca, que gera divisas e movimenta a economia também”, avaliou.
A secretária Vanessa Mendonça elogiou a ação ecológica realizada pelas entidades de pesca amadora. “A nossa palavra é de gratidão. O turismo tem esse poder de ressignificar cada um desses espaços. Nós elaboramos 11 rotas turísticas, e o Parque da Cidade tem sido um dos principais motivos de promoção da nossa cidade”, realçou.”Vamos mudar essa legislação que está limitando a pesca subaquática”, reforçou o administrador Silvestre da Silva.
Decisão para o amanhã
A secretária parabenizou os presidentes da DF Sub, Marcelo Reisman, e da Apshark, Marcos Honório, agradecendo o convite recebido do vice-presidente da entidade, Clóvis Golfetto, e do diretor Ricardo Carvalheira. Segundo Vanessa Mendonça, o governo não faz nada sozinho e busca trabalhar para a iniciativa privada e para as pessoas
“Cuidar do meio ambiente é trazer vida para as próximas gerações. O futuro não é daqui a dois, três anos. O nosso futuro é amanhã. A decisão é tomada hoje e a ação é agora”, ressaltou a secretária.
No início da ação, a própria secretária de Turismo colocou os pés nas águas, em uma das margens do lago, para fazer a soltura dos alevinos. “A pesca subaquática é turismo!” foi o slogan manifestado pelos praticantes e apoiadores da atividade. Após três horas de mergulho, foram retirados lixos de vários tipos, principalmente garrafas de plástico, mas foram encontrados diversos objetos, inclusive binóculos.